Antes de serem irmãs elas são indivíduos.
Para mim foi uma grande aprendizagem nos últimos meses, de que elas têm de ter o seu espaço separadas, é caso para dizer, PRECISAM!
Só dei conta depois.
Achava que elas eram unha e carne e que a mais nova como estava habituada a ter a irmã sempre por perto que ia sentir muita falta se a Carlota se ausenta-se por dias inteiros. Mas enganei-me.
Os primeiros dias em que a irmã mais velha passou a ir à floresta (apenas alguns dias da semana), foi estranho sim, ela passou o dia a falar na irmã ou que queria ir à escola com ela.
Mas depressa (mais depressa do que pensei), ela passou a sentir-se melhor assim.
E eu conheci a verdadeira Carminho.
Com calma, só as duas, com muito mais momentos de concentração no seu trabalho, com uma paz de quem não precisa de andar sempre a correr e a brincar ao faz de conta, mas que também precisa calma, de observar, de cozinhar com a mãe e fazer as coisas por si mesma, de ir ao seu ritmo,
Ela passou a querer ficar em casa comigo, porque sabia que tinha o espaço dela, onde podia ser ela.
E foi uma descoberta e tanto (para mim e para ela).
Parece estranho, de como eu não a conhecia, temos sempre essa falsa sensação de que os conhecemos bem e que as suas necessidades estão supridas porque lhes damos tudo. Mas não é bem assim, quando há um irmão mais velho como espelho, a criança vai tentar espelhar-se e imitar em quase tudo. Perde muitas vezes um pouco da sua identidade e nós pais, ficamos sem conhecer as suas reais necessidades porque achamos que é tudo igual.
Desde então que me esforço por ter um tempo individual, um tempo só delas.
Porque são indivíduos e embora pareçam muito iguais e que não vivem uma sem o outra, também precisam de ser só quem são.