Cada vez tenho mais certeza disto:
Não existe mau comportamento. Existe sim uma força maior para executar uma função, um meio ambiente desadequado à necessidade e, para ajudar, um adulto nada preparado.
Tremi muito neste momento, como em alguns que me acontecem, felizmente observei mais do que agi, controlei o que a maioria das vezes não controlava (impedir que a criança cumpra aquela função naquele momento).
Objectivo dela: colocar a mesa para jantar.
Resolução: foi à sua cozinha e a sua loiça lavada não estava lá.
Consequência: Foi procurar onde haveria essa loiça ao seu alcance para poder cumprir o seu objetivo. Logo colocou em cima da mesa 6 copos de pé alto e uma garrafa para o pai (não que o pai fosse beber aquilo, mas percebe-se a intenção!).
Não partiu nada, numa mesa um pouco mais alta do que a sua estrutura consegue alcançar, resultado de satisfação por objetivo cumprido!
Já eu tremi, gaguejei (para não falar) já que a vontade de interromper era muita. Mas a sua concentração e esforço era tão bom de se ver que limitei-me a observar.
E por fim, criança feliz!
Podia ter interrompido, podia ter gritado, podia ter-lhe tirado aquilo tudo da mão e até bater-lhe para não voltar a mexer. É o que a maioria faria. Eu, não fiz. Não faço. Porque acredito numa forma de educar diferente, porque sei que ela tem as mesmas necessidades que eu, cumprir o que o seu guia interior lhe manda, com a diferença de que eu já me desconectei mais desse guia do que ela, porque um dia também eu fui punida por ouvi-lo.
Permitamos, em segurança, que as nossas crianças se ouçam e cumpram o que o seu guia lhes pede para fazer. É um trabalho muito nobre. Mesmo que aos nossos olhos turvos, não seja o mais correto.
Vai dar mais trabalho, requer mais atenção, mas é mesmo assim.
Depois disto, redirecionei-a para o que seria esperado, ofereci-lhe a loiça certa e lá foi ela feliz!